Dienstag, 23. August 2011

Conto: "Nunca é tarde, sempre é tarde"

Autor: Sílvio Fiorani
   Sílvio Fiorani nasceu em Vista Alegre do Alto (SP), em 1943. É neto de imigrantes italianos que se estabeleceram como plantadores de café no norte do Estado. As ressonâncias psicológicas e culturais da epopéia da imigração constituem o pano de fundo de seus romances A Herança de Lundstrom e O Evangelho segundo Judas, que, ao lado de Investigação sobre Ariel, compõem uma trilogia sobre a formação do personagem-narrador Francisco Rovelli. Investigação sobre Ariel recebeu o prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional com o melhor romance de 2005. Desde O Sonho de Dom Porfírio, o primeiro romance, Fiorani tem sido elogiado pela crítica pela qualidade de sua prosa. O autor teve textos publicados na Itália, França, Espanha, Portugal, Taiwan, República Tcheca e Estados Unidos.
 O autor possui grande admiração por autores brasileiros anteriores a ele como José de Alencar, Vicente de Taunay, Joaquim Manuel de Macedo e Álvares de Azevedo, cujas obras começou a ler durante a sua infância. Se formou químico, mas após repensar a idéia várias vezes, percebeu que sua paixão era a literatura, em especial a poética. Posteriormente, estudou Jornalismo, e desde o primeiro o ano do curso começou a trabalhar na Gazeta. Viajou pela Europa com 27 anos, onde, como narra no trecho a seguir, teve sua primeira história em conto:
“Quando eu ainda estava no navio, indo para Londres, eu tinha ouvido uma história de amor contada por uma Argentina que estava a caminho de Vigo, na Espanha. Ela havia-se apaixonado por um rapaz, estava para ficar noiva dele, quando descobriu que a sua identidade era falsa, sua profissão não era a que ele havia declarado, e por aí afora. O rapaz havia feito o diabo com a história de sua vida para conquistar a moça. Ela rompeu com ele, apesar de amá-lo muito, e embora ele lhe tivesse suplicado que não rompesse com ele. Quando voltei de Londres, esse foi o tema da primeira história que eu escrevi. Os outros esboços eu havia jogado fora. O que mais me motivou foi o fato de a heroína ter-se apaixonado por um personagem e não pelo rapaz real que, no último encontro entre os dois, jurou que a amava muito, no que ela acreditou. O comum é apaixonarmos pelo outro por inteiro, corpo e espírito, e daí pode advir o perdão. Ela, no entanto, rompeu essa suposta lógica.”

  Fiorani diversifica seus temas entre o cotidiano mágico e a saga dos imigrantes italianos, seus ancestrais, o que tece com severidade e grandeza. No conto “Nunca é tarde, sempre é tarde”, trata o absurdo, em pequeníssimo espaço, de forma minuciosa e viva. Esse conto e outros dois fazem parte da antologia Modern Poetry in Translation, publicada pela editora do King’s College, de Londres, e dedicada à poesia brasileira. Atualmente, o autor reside em São Paulo, mas, continua sentimentalmente ligado à sua cidade de origem.

O Conto
Estética: O conto é escrito em prosa, marcado por frases curtas, com bastante pontuação. A narrativa possui passagens antitéticas como “nem bonita, nem feia” e é um texto curto,  o qual não apresenta a estrutura típica de narração :-Apresentação; -Complicação ou desenvolvimento;- Clímax;
- Desfecho – pois a personagem principal volta constantemente ao seu conflito inicial até chegar a uma situação final.
Elementos narrativos:
Narrador: O narrador é observador, ou seja não participa da narrativa.
Tempo: O tempo é curto, provavelmente pelo início das manhãs durante o dia-a-dia da personagem. A história, pela pontuação constante e frases curtas, torna-se mais ágil, o que faz o leitor  perceber melhor a pressa da personagem.
Espaço: A história se passa na casa da personagem, inicialmente no quarto, passando posteriormente pelo banheiro, pela  sala, pelo hall e finalmente pelo quarto da mãe.

Personagens: Os únicos personagens são a secretária Su, perdida na pressa do dia-a-dia e sua mãe, a qual demonstra preocupação em relação ao bem estar da filha, sempre lhe mandando comer.

Enredo (Síntese do conto):  O conto começa com a descrição da sequência dos atos da secretária Su,  como olhar-se no espelho e refletir sobre a sua posição de secretária. Após esse momento, a personagem se apressa  para ir ao trabalho, deixando de tomar café, o que fez sua mãe reclamar. Ao chegar perto da porta, ouve a campainha, e após alguns segundos, percebe  que a campainha era o despertador. Em seguida, a situação se repete, a personagem acorda, se arruma, passa perfume, procura o relógio, o que lhe atrasa, até que sua mãe acha o objeto. Novamente sai apressada sem tomar o café e, mais uma vez, a campainha, que na realidade é o seu despertador, toca. Pela terceira vez a personagem levanta  e vai se arrumar apressada, até perceber o despertador tocando mais uma vez. Na última vez, Su pede para sua mãe lhe acordar, a qual lhe responde que vai ao quarto da filha para acordá-la.
As diferentes vezes que o despertador toca são os dia que passam na vida de Su, sem ela perceber, por estar vivendo uma vida muito apressada e uma rotina cansativa, da qual, como mostra o texto, ela descansa sábado, dia em que, segundo a personagem, ela pode ficar bonita, ou seja, se arrumar e passar maquiagem, atos para os quais ela não tem tempo durante a sua rotina cotidiana.
Em síntese, este conto mostra o cotidiano da vida moderna, o qual se repete dia após dia, no qual a pressa impede a existência de um  ponto inicial em cada manhã e de um ponto final em cada noite. Além disso, há a repetição de observações como “não teve tempo de guardar o material de maquiagem espalhado sobre a penteadeira”, o que mostra também a angústia da menina com a desorganização dos seus objetos causada pela pressa.

1 Kommentar:

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