Mittwoch, 24. August 2011

Conto: "A moça tecelã"








Autor: Marina Colasanti   Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, em 1937. Mudou-se para a Itália no início da Segunda Guerra Mundial e lá ficou por 11 anos. Em 1948 mudou-se para o Brasil, estudou Belas-Artes e trabalhou como jornalista, tendo ainda traduzido importantes textos da literatura italiana. Casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

  Publicou várias livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o ''Prêmio Jabuti'' por Eu sei mas não devia (1999), Passageira em trânsito (2010) e também por Rota de Colisão. Uma ideia toda azul é ganhou o prêmio ''O Melhor para o Jovem'', da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Colabora, também, em revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. Dentre outros contos, escreveu: Zooilógico (1975), A nova mulher (1980), Contos de amor rasgados (1986), A morada do ser (2004), etc.

  Desenvolve sua criação literária não levantando artificialmente muros entre uma e outra linguagem, nem as descaracterizando, mas aproveitando todas as possibilidades de cada uma. O conto A moça tecelã é um bom exemplo.


O Conto

Estética: Escrito em prosa e com características da narração (introdução, desenvolvimento, clímax e desfecho), apesar de não ser um texto muito longo. Ele reúne alguma coisa da técnica cinematográfica da animação, da arte, da tapeçaria e das baladas medievais.

Elementos narrativos:

Narrador: Narrador observador, não participa do conto.

Tempo: Tempo longo, narrado cronologicamente.

Espaço: Limitado. Com técnicas cinematográficas, o espaço passa rapidamente, como em flashbacks: de seu quarto, para uma casa, depois para um palácio e, no final, para seu antigo quarto de novo.

Personagens: A moça tecelã e seu marido.

Enredo (Síntese do conto): A narração inicia-se com a descrição do dia a dia da personagem. Acordava antes do sol nascer e logo sentava-se ao tear. De acordo com as linhas que escolhia, o tempo e a natureza mudavam sutilmente. Em dias ensolarados, bastava tecer com linhas grossas e acinzentadas para o tempo se fechar e depois, com linhas pratas, fazer chover. Assim como se estivesse nublado e frio, ela usava linhas claras e quentes para o sol voltar a aparecer. Além do clima, a moça utilizava seu tear para fazer suas comidas (peixe, leite, etc). Ao final do dia, ia dormir após tecer a escuridão.

  Ao longo do texto, nota-se a repetição da frase "Tecer era tudo que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer", mostrando a dependência da moça por sua máquina de tear.

  Com o passar do tempo, ela sente-se só e decide tecer um marido. Foi feliz, por um tempo, até o marido descobrir o poder de seu tear. E em nada mais pensou a não ser nas coisas que ele poderia lhe dar. Primeiramente, pede-lhe uma casa melhor, e a moça a faz. Não satisfeito, pede-lhe um castelo com vários cômodos, escadarias, estrebarias e cavalos. A moça tecia e se entristecia, não tendo mais tempo para chamar o sol ou a chuva.

  Cansada, ela mesma decide voltar à sua vida em que não tinha trabalho, e sim prazer. Assim que seu marido dorme, ela começa a desfazer seu tecido: os cavalos, as estrebarias, as escadarias, o castelo e, por fim, o próprio marido ambicioso. Novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. Voltou a tecer o raior do dia e o resto de sua aconchegante e prazerosa vida.

  A autora ignora qualquer limite entre o que alguns gostam de rotular como "fantasia" ou realidade e cria uma delicada saga familiar, de ambição e desencanto, em que, com a maior sutileza, o poder feminino faz e desfaz o destino. O conto mostra também que o que realmente importa na vida é ela mesma, e não coisas materiais.

                                    

2 Kommentare:

  1. que relacao ha entre o trabalho de tecer realizado pela moça e as condições climáticas?me responder por favor

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